INCIDENTALOMA ADRENAL

ADRENAIS, TAMBÉM CONHECIDAS COMO SUPRARRENAIS

As adrenais (também conhecidas como suprarrenais) são glândulas endócrinas que se localizam acima dos rins e produzem uma série de hormônios importantes para o bom funcionamento do organismo, incluindo o cortisol, aldosterona, hormônios sexuais, adrenalina e noradrenalina. Uma série de doenças endócrinas é resultante de disfunção das suprarrenais. A produção exagerada de cortisol, por exemplo, leva a síndrome de Cushing, enquanto que a produção insuficiente leva a chamada Doença de Addison.

Uma série de tumores pode surgir a partir do tecido adrenal e estes são comumente encontrados em exames de imagem durante investigação de outras doenças não relacionadas, sendo estes os chamados incidentalomas. Essa entidade é resultante de avanços tecnológicos no campo do diagnóstico por imagem (notadamente tomografia computadorizada e ressonância magnética) e seu uso disseminado na prática clínica atual. A frequência estimada de incidentalomas na população geral é algo por volta de 4%, podendo chegar até 7% em idades mais avançadas (acima de 70 anos).

A descoberta de um nódulo ou massa adrenal direciona imediatamente a duas perguntas que determinam o grau da avaliação e a necessidade de tratamento:

  1. A lesão é maligna?
  2. A lesão produz algum hormônio de forma excessiva?

Felizmente, as lesões malignas da adrenal (os chamados carcinomas) são bastante incomuns. As séries mais recentes sugerem que cerca de 2% dos incidentalomas representam carcinomas primários das suprarrenais e menos de 1% representam metástases de tumores de outros órgãos. O aspecto radiológico é bastante informativo da natureza da lesão, se benigna ou maligna. Aspectos sugestivos de malignidade nos exames de imagem incluem: massas > 4 cm de diâmetro, bordas irregulares, densidade alta e heterogênea, presença de calcificações e retenção prolongada do meio de contraste.

A avaliação da produção hormonal é feita por meio da dosagem de alguns hormônios no sangue e, em alguns casos, também na saliva e na urina. A produção excessiva de cortisol leva ao quadro de síndrome de Cushing, que é a alteração hormonal mais frequente no caso de incidentalomas adrenais (cerca de 6% dos casos nas séries mais recentes). Entretanto, a síndrome de Cushing costuma representar o maior desafio diagnóstico para os clínicos que acompanham este tipo de condição, tendo uma avaliação clínica criteriosa por um especialista papel fundamental nesse esclarecimento. Tumores produtores de aldosterona levam ao quadro de hiperaldosteronismo primário, que cursa com hipertensão arterial de difícil controle, muitas vezes associado a níveis baixos de potássio no sangue. Os chamados feocromocitomas são tumores que se originam a partir da região da medula adrenal (região mais central da glândula) e se caracterizam clinicamente por produção exagerada e secreção periódica de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e às vezes dopamina), podendo levar a quadro de picos hipertensivos graves, dor de cabeça, sudorese excessiva e palpitações.

Como regra geral, uma resposta positiva a qualquer uma das duas perguntas acima já indica a extração cirúrgica desses tumores, salvo algumas exceções. Lesões que não tenham indicação cirúrgica inicial devem ser acompanhadas ao longo do tempo para observação de crescimento ou produção hormonal, sendo a frequência de acompanhamento variável de acordo com as características clínicas e radiológicas de cada caso, e determinadas por um endocrinologista experiente no tema.

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